Uma idéia cujo tempo tenha chegado
A força não é capaz de salvar
Uma idéia cujo tempo tenha passado..."
É assim que começo o post reflexivo (ou não) de hoje. As duas palavras, ideia e ideal, são muito parecidas porque exprimem a ideia de algo abstrato, imaginário, mas são muito diferentes. Como o brasileiro tem mania de pensar que bicho de goiaba é goiaba, quero com este esclarecer algumas coisas que há pouco tempo ainda eram dúvidas pessoais.
Depois que li 1984 me perguntei se, comparado à nossa "atualidade" a história do livro não seria algo desejável. Bem, há vários pontos de vista com relação a isso, mas sabendo do pouco que sei e pensando um pouco mais, descobri que, em parte, não. Se bem que ao olharmos nossas "repúblicas" podemos ver uma caricatura do Grande Irmão, porque aprendemos a confiar tanto e tão profundamente em figuras públicas – políticos, famosos, autoridades – que nos esquecemos de que podemos caminhar sozinhos e aprender na mesma medida.
Em algum ponto do livro, creio que no final, há algo que diz mais ou menos isso: "Escrevemos ficção científica para mostrar às pessoas como será o seu futuro, com base no nosso presente."
Bem, à primeira vista essa frase pode ser lida com um quê de inocência, mas ao buscarmos algo mais intrínseco nela, podemos ver com uma pontada de humor negro que ela não passa de algo para as massas. Mesmo sendo algo que, pessoalmente, condeno, ela tem um fundamento verdadeiro: ficção científica é algo para as grandes massas, porque lhes mostra qual será sua realidade dali algum tempo, fazendo com que nos movamos contra ou a favor disso. Essa realidade, é claro, varia de acordo com a visão pessoal do autor, mas isso em pouco altera seu sentido, uma vez que cada homem é também indivíduo e participa da sociedade.
Dando prosseguimento, também me perguntava se os "vilões" dos séculos passados (em minha burguesa visão, o socialismo, Hitler e reinados absolutistas) um dia poderiam voltar. Hoje sei que de certa forma, eles foram capazes de marcar tanto suas respectivas épocas que até hoje permanecem vivos no imaginário (ou não) coletivo. Eles estão mais presentes do que podemos nos dar conta. E minha atual resposta à pergunta é: sim, eles podem. Embora, por conta de seu passado, não sejam tão aparentes quanto antes. Seriam mais sutis, silenciosos, porém com a mesma intensidade e poder de persuasão de antes. Como? Ora, se você está num país onde mal consegue sobreviver, porque não apoiar alguém que possa lhe dar condições de vida melhores do que as atuais? Você não perde nada nessa equação tão simples. Talvez, só talvez, o passado tenha nos servido também para exemplo e não somente para arquivo de um escritor de ficção científica.
Voltando à ideia original, há muito perdida, o que quero com este é mostrar que embora certas coisas tidas como ruins (ou boas, varia conforme o objeto) são tão boas quanto um bom ideal aliado à ideias ruins. É de nossa inteira responsabilidade aprender com os erros (ou acertos) do passado, criando nossas próprias ficções.
Para uma frase final tal qual a inicial, deixo uma frase de Mário Quintana:
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